Spitfire MK-XVI
Este menino, do meu tempo, merece-me uma palavrinha.
Além de ter sido um dos melhores aviões da Segunda Grande Guerra, o heroi da Batalha de Inglaterra, foi um avião extraordinariamente bem conceguido, o melhor de todos no seu tempo. A então Aeronáutica Militar, depois Força Aérea Portuguesa teve 112 destes aparelhos
Quem nunca fez não sabe fazer
Rosas e espinhos - marcas do tempo
À direita é o "Cadillac do Céu", o Mustang - P-51, o melhor avião de caça clássico de sempre. A Aviação Portuguesa nunca teve este avião.
Mustantang - P-51 (O Cadillac do Céu)
Era sempre a mesma coisa: Motores enormes, potentíssimos, cilindradas descomunais, (o motor do Spitfire tem 12 cilindros, o do Helldiver 14 e o do Thunderbolt 18), era um gemer de engrenagens uma bateria a pedir piedade para fazer rodar um brinquedo daqueles.
A injecção de gasolina para o arranque era a olho, três ou quatro bombadas, alguns davam-lhe cinco e seis e encharcavam logo os motores, depois eram rolos de fumo a lamber a cabine com um parolo lá dentro sem saber de devia fugir ou aguentar a pá firme até o motor arrancar.
O truque.
Acelerador a fundo, em vez dos dois centímetros recomendados; mistura fechada com a manete toda atrás, e não o habitual centímetro à frente; três bombadas mal medidas, accionava o motor de arranque.
O hélice nem chegava a uma volta. Com o motor quase totalmente seco, com os cilindros cheios de vapor de gasolina e nada mais, com as goelas do acelerador todas abertas, o Wright Cyclone não fazia cerimónia: Explodia no máximo de rotações, parava a seguir sem pingo de combustível… Com o hélice a rodar a toda a velocidade já eu lhe tinha aberto a mistura, reduzido o acelerador, já o motor ronronava como um gatinho.
Até regressarem a Aveiro nos finais de 1956 nunca mais nenhum Helldiver deixou de arrancar logo à primeira nas minhas mãos.
Quem nunca fez não sabe fazer.. o resto é música
Aniceto Carvalho
(Continua)